Há milhares de anos, encontrar alimentos não era tarefa fácil e o nosso corpo especializou-se cada vez mais em armazenar o mais precioso dos recursos energéticos: a gordura. 

Atualmente, a realidade é diferente. Na sociedade atual, caracterizada por estilos de vida sedentários e dietas hipercalóricas, acumulamos gordura muito rapidamente, e o excesso de gordura no nosso corpo está diretamente ligado à obesidade e a outros problemas de saúde metabólicos. 

Quando ingerimos calorias em excesso, as células chamadas adipócitos armazenam-nas sob a forma de gordura. Desta forma, evitam que as gorduras se depositem noutros tecidos e órgãos, como o fígado ou as paredes dos vasos sanguíneos, causando toxicidade. Até agora, não se sabia bem como conseguiam acumulá-la sem ficarem esmagados, mas recentemente uma equipa do Centro Nacional de Investigaciones Cardiovasculares (CNIC), liderada pelo investigador da rede CaixaResearch Miguel Ángel del Pozo, encontrou a explicação.

O seu estudo, publicado na revista Nature Communications, descreve o mecanismo que permite que os adipócitos se expandam com segurança. Fazem-no graças às cavéolas, pequenas dobras da membrana celular que funcionam como sensores e amortecedores das tensões geradas pela acumulação de gordura.

«Quando o adipócito se enche de gordura, as cavéolas achatam-se, ajudando-o a crescer e a acumular muito mais lípidos sem se desfazer», explica Del Pozo. Isto impede a libertação de gorduras no organismo, o que conduziria a inflamações e a perturbações metabólicas.

Os resultados do estudo representam um avanço na compreensão das doenças metabólicas e abrem a porta ao desenvolvimento de novas estratégias terapêuticas para combater as doenças relacionadas com o excesso energético crónico, como o excesso de peso, a obesidade, a lipodistrofia e a síndrome metabólica. Além disso, a descoberta lança luz sobre os mecanismos que regulam a acumulação de gordura e pode ajudar a compreender por que razão a saúde metabólica varia entre pessoas com reservas de gordura semelhantes.

Falamos-lhe mais sobre este estudo no seguinte thread do X.